Acessibilidade começa em casa
Começamos hoje uma revolução necessária antes do nascimento do bebê: uma reforma.
Benê, Ricardinho e eu moramos numa casa bem pequena, nos fundos do quintal de meus sogros. Como a casa possui apenas um quarto, seria complicado continuarmos no mesmo espaço depois da família aumentada. Como ter nossa própria casa ainda não dá e pagar aluguel nunca esteve em nossos planos, a solução foi aceitar uma proposta que há tempos os pais deles nos faziam: trocarmos de casa com eles. A casa da frente é muito boa, bem mais espaçosa, tem dois quartos e já passou por algumas reformas. Seria praticamente entrar e morar. Então, por que a reforma? Porque, embora a casa seja ótima, não oferece o que mais necessito: acessibilidade.
Quando ouvimos a palavra "acessibilidade" a primeira coisa que vem a mente é uma rampa ou a ausência de obstáculos, mas acessibilidade é muito mais que isso. A casa que será reformada não precisa de rampas, pois é térrea e no nível da rua, mas sim de modificações, aparentemente, pequenas, mas essenciais a mim:
O quarto maior, suíte, tinha armários embutidos, tudo foi retirado, pois, quem usa uma cadeira de rodas precisa muito mais de espaço para circular do que de móveis fixos. Para aumentar ainda mais o espaço livre no quarto, parte da varanda em frente à casa será fechada para transformar-se em closed.
O quarto menor, que será das crianças, será aumentado, também para que haja espaço para eu circular com a cadeira de rodas
No banheiro da suíte, o box será substituído por um com porta sanfonada, cuja abertura de, no mínimo, 0,80 m será suficiente para uma cadeira de banho passar; a pia e o vaso trocarão de lugar (vaso ficará junto à parede, onde terá uma barra de apoio, e será elevado) e todo piso trocado para que não haja desnível para o quarto.
A porta do banheiro do corredor terá a largura aumentada.
Na cozinha, a pia imensa com gabinete será trocada por uma menor e sem gabinete, para que a cadeira de rodas possa ser encaixada de frente, e fixada numa altura bem mais baixa, assim como a torneira.
Todas as maçanetas redondas serão trocadas pelo tipo alavanca. Todos os registros de água redondos também serão trocados.
Enfim, pequenas coisas que raramente são notadas, mas para quem tem deficiência física ou motora são a diferença entre a liberdade e a dependência.

Menino Luz - o presente
Esse blog anda meio abandonado, eu sei. Há tempos não publico um texto meu. Ando meio sumida, quieta.
A morte de Toshi me abalou de uma forma que eu não pude prever. Mesmo sabendo, desde março, que os médicos já tinham tirado toda esperança de cura, mesmo sabendo que esse dia chegaria, não imaginei que me abalaria tanto. Não foi só tristeza...foi algo muito além, impossível descrever. Embora sempre tenha demonstrado meu carinho e admiração por ele aqui, não consegui escrever uma linha sequer em sua homenagem após sua partida. E ainda não consigo.
Pouquíssimas pessoas sabem que meu envolvimento com esse menino foi muito mais que o virtual, de uma forma mágica, inexplicável, passei a ter contato com sua irmã, a Naomi, e nos aproximamos muito.
Foi assim:
Minha mãe convidou-me a ir à missa na igreja onde frequenta, pois um padre amigo meu estaria celebrando naquele dia. Mas, meu amigo não estava, o padre era outro e na paróquia comemoravam o dia de Nossa Sra Desatadora dos Nós. Após a missa, devido à comemoração, havia venda de bolos, pastéis etc, não resistimos e acabamos ficando um pouco mais em frente à igreja enquanto comíamos. Enquanto esperava pelo pastel, uma senhora veio até mim e me presenteou com uma fita e uma medalhinha de Nossa Senhora. No mesmo instante pensei em Toshi e em mandar-lhe a medalhinha de presente. Escrevi-lhe perguntando se aceitaria meu presente e como poderia enviá-lo. Ele, então, respondeu-me que adoraria a medalhinha e que poderia mandá-la através de sua irmã, que morava em Guarulhos. Quando li Guarulhos, assustei-me com a coincidência, pois Toshi nem sabia que eu também moro em Guarulhos. Por causa dessa medalhinha, Naomi e eu nos encontramos, ela e o marido, que moram pertinho de mim, vieram até minha casa. Trouxeram-me uma orquídea linda, fotos do Toshi e encantaram-me com tanta doçura e simpatia. Mandei a medalhinha, uma carta e um exemplar da revista Sentidos. Desde então, tenho tido contato com Naomi. Ela esteve presente em meu aniversário. Esteve presente no aniversário de Ricardinho. Repartiu comigo, assim que soube, o avanço do câncer de Toshi e a desesperança dos médicos. E, em breve, quando voltar do Japão, nos encontraremos novamente.
Apesar de não conseguir escrever, queria, de alguma forma, homenagear esse menino tão especial, então, tive uma idéia e, antes de começar a colocá-la em prática, consultei Naomi. Após receber uma resposta mais que positiva, deixei minhas próprias coisas de lado e passei a me dedicar a um presente que darei aos pais do Toshi: um livro. Um livro reunindo seus posts, alguns dos comentários que recebeu, os e-mails que trocamos, as homenagens feitas a ele e tudo mais que puder reunir que tenha sido escrito por ele, para que seus pais saibam quanta luz ele espalhou e os efeitos dessa luz.
Está ficando bonito demais. Não podem imaginar a emoção de organizar esse livro.
Se alguém quiser escrever algo ou mesmo enviar textos (e-mails) escritos por ele, tenham certeza de que acrescentarão ainda mais beleza ao livro.
Quando tudo estiver pronto, vou imprimir, mandar encadernar e enviar ao Japão.
O nome do livro?
Menino Luz

Reinações de Ricardinho
-Ricardinho, você gostou do doce que a vovó fez? Está gostoso? O que achou? - pergunta a vovó.
-Está aceitável.

Reinações de Ricardinho
Mamãe e filhote brincando de caça ao tesouro. Filhote, como sempre, sem sapatos:
- Filhinho, ponha suas botas de caçador de tesouro!
- Não! Eu já estou na idade de "skatista" ! Essas botas são para skate, olha o densenho nelas.
- Quem está na idade de ser skatista não toma mais mamadeira.
- Ai, eu me enganei! Essas botas são de caçador de tesouro, elas me enganaram com esse desenho! Botas trapaceiras!

Menino Luz
Não tenho como transformar em palavras o que está em meu coração. Faço, então, minhas as palavras do Paulinho, sobre nosso querido menino.

Notícias do baby
Dia 6 completei 3 meses de gravidez, ou seja, já estou no início do quarto mês, agora sim a barriga começará a crescer por causa do bebê. Meu médico tinha dito que até o final do terceiro mês não deveria engordar nada. Estava na maior ansiedade pela última consulta (sexta passada), para me pesar e...ufa! Não engordei nadinha!
Meu ritmo nessa gravidez está completamente diferente de quando esperava por Ricardinho. Quando esperava Ricardinho morava há poucos meses em Guarulhos, portanto, nem alunos eu tinha. Podia passar o dia dormindo se quisesse, pois éramos só Benê e eu. Agora, tenho os alunos, que me ocupam boa parte da tarde, tenho meu filhote que me ocupa todo o tempo possível e impossível, além das tarefas domésticas (ai como queria uma nastácia...) e outras coisas, como o blog, os textos para a SACI, os amigos, enfim, se não fossem os enjôos, a presão muito baixa (que tem me derrubado) e essas coisas de grávida, eu só me lembraria da gravidez no dia de visita ao médico.
Mas, a partir de agora, tudo muda, porque o bebê vai começar a crescer rapidamente e a aparecer, e, em breve, estará mexendo minha barriga de um lado para o outro, e quando soubermos o sexo, na 20ª semana, ele terá um nome, não será mais "bebê". Sim, já temos nomes escolhidos. Tinha certo já o de menina, mas mudei, o escolhido não agradou ao Benê nem ao Ricardinho, fui vencida pela maioria masculina. Quais são os nomes? Ah, vão ter de esperar mais um pouco, curiosos...
Daqui a três semanas farei uma ultrassonografia morfológica, acho que dará para escanear as fotos e postar aqui. Estou na maior ansiedade por essa ultrassonografia, por minha a faria hoje, mas o médico quer que seja na 16ª semana...tenho de esperar.